O
ex-ministro Bresser Pereira, sensato e ponderado, recomenda um crédito à
Justiça aos que já dão Lula como condenado pelos três desembargadores do TRF-4,
no dia 24. Na velha normalidade, antes do golpe e do ativismo ideológico de
parte do Judiciário, esta seria mesmo a postura natural. Acreditar na Justiça.
Pois na velha normalidade haveria a crença de que, ao examinarem a sentença do
juiz Sérgio Moro, que condenou Lula a 9,6 anos de prisão por supostamente ter
recebido o tríplex do Guarujá como propina, os três togados de Porto Alegre
teriam suas consciências assediadas por uma pergunta: cadê a prova? Ou as
provas.
Moro
condenou Lula sem provas e amparando-se na delação do ex-presidente da OAS Léo
Pinheiro. Examinando os autos, e assim concluindo, os três desembargadores seriam
compelidos a absolver Lula. Mas estamos fora da normalidade e já foram
emitidos, por eles, sinais muito claros e fortes, que alimentam o ceticismo dos
que falam em condenação anunciada. Um deles, a declaração de que, se for
condenado, Lula não será imediatamente preso. Uma declaração destas não pode
ser recebida senão como indicativo de que haverá condenação.
Além
da pergunta “cadê a prova?”, refrão de uma marchinha carnavalesca em defesa de
Lula que roda na Internet, há uma outra que devia incomodar os desembargadores.
Por que Moro, ao pedir o confisco dos bens de Lula, não arrolou entre eles o
tríplex do Guarujá? Pelo fato elementar de que tal apartamento pertence à OAS,
de fato e no papel. Mais uma vez, a defesa de Lula tentará provar isso, agora
com base na sentença da juíza de Brasília que autorizou a penhora do imóvel
para garantir o pagamento de um credor da empreiteira. Esta é uma situação
duplamente surreal. Primeiro, pela inversão do ônus da prova, pois se Moro não
conseguiu provar que Lula é dono do tríplex, sua defesa é que está provando o
contrário. Mas o surrealismo aumenta com o fato de que esta contraprova, já
ignorada por Moro, pode ser novamente ignorada pelos desembargadores de Porto
Alegre.
Por
tudo isso, os apoiadores de Lula têm dificuldade para acreditar na Justiça. Mas
é acreditando que os desembargadores serão cutucados por suas consciências que
eles irão a Porto Alegre, participam de comitês de defesa de Lula e fazem com
que o Brasil não se cale diante da pergunta: cadê a prova?
https://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/337307/Cad%C3%AA-a-prova-Por-esta-pergunta-%C3%A9-que-o-Brasil-n%C3%A3o-se-cala.htm
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