O
tribunal [de exceção] da Lava Jato corre. Tem pressa. Mas só em relação ao
ex-presidente Lula. Ao anunciar que o Tribunal Regional Federal da 4ª região
agendou para o dia 24 de janeiro de 2018 o julgamento de Lula, o desembargador
Leandro Paulsen dá mais uma prova irrefutável do viés político dessa operação
que, para inviabilizar o ex-presidente Lula, apropriou-se do discurso de
combate à corrupção de maneira a manipular a opinião pública.
Desde
seu início, a Lava Jato tem em Lula seu troféu. A tramitação do processo de
Lula aconteceu em tempo recorde. Foram apenas 42 dias, entre a condenação dada
pelo juiz Sérgio Moro e o início da tramitação do recurso no TRF-4. Foi o mais
rápido da Lava Jato.
Como
se não bastasse, ao compararmos o julgamento do recurso de Lula com a média dos
demais da Lava Jato no TRF-4 não restam dúvidas da perseguição ao
ex-presidente. De 2015 a 2017, o tempo médio foi de 11 meses. De janeiro a
outubro de 2017, o tempo médio aumentou, foi de 14 meses e meio até.
Mas,
curiosamente, a partir de outubro, os processos da Lava Jato no TRF-4 passaram
a andar com muito mais celeridade, como chegou a registrar a Folha de S.Paulo:
“Decisões de tribunal que julgará Lula ficam mais rápidas”. Prossegue a
matéria: “A tramitação de processos criminais na segunda instância da Lava Jato
em Porto Alegre, que julgará o ex-presidente Lula, ficou mais rápida. Nos
últimos meses, com o acúmulo de processos e uma base de decisões precedentes, o
TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) intensificou a quantidade de
julgamentos da operação”. (Folha de S.Paulo 28/11/2017).
Mas
o que teria acontecido em outubro para que o tribunal da Lava Jato adotasse
tais medidas?
Em
outubro, o Ibope divulgou uma pesquisa em que Lula aparecia consolidado com 35%
de intenção de votos para o cargo de Presidente nas eleições de 2018. O segundo
lugar aparecia com apenas 13%. Essa foi a primeira pesquisa realizada por esse
instituto que captava o sentimento dos brasileiros e brasileiras após a
primeira caravana de Lula pelo Brasil, que aconteceu no Nordeste e se encerrou
em setembro. De lá para cá, Lula se mantém cada vez mais isolado na liderança
em todas as pesquisas que são realizadas no país, inclusive, com possibilidades
de vencer a eleição de 2018 no primeiro turno.
Diante
destes cenários, de vitória de Lula, a Lava Jato resolveu acelerar. Confirmado
o julgamento para o dia 24 de janeiro, serão apenas 5 meses para julgamento do
recurso do ex-Presidente Lula pelo TRF-4. Considerando o recesso do Judiciário,
entre dezembro e janeiro, em que não haverá qualquer trabalho, esse tempo cai
para apenas 4 meses. Mais uma vez, Lula será julgado em tempo recorde. O que
nós brasileiros exigimos desse tribunal de exceção, que virou a Lava Jato, é
que ninguém esteja acima, nem abaixo da lei. Ninguém, nem Lula.
* Paulo
Pimenta é jornalista e deputado federal (PT-RS).
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