É
famosa a frase, atribuída a Pinheiro Machado, ao ordenar ao cocheiro de sua
carruagem, diante de um grupo de opositores, que saísse “nem tão devagar que
pareça afronta, nem tão depressa que pareça fuga”.
O
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, ao marcar para o dia 24 de janeiro a
votação do recurso de Lula à sentença de Sérgio Moro no caso do apartamento do
Guarujá mostrou que também a pressa pode funcionar como afronta.
É,
afinal, o mais rápido processo julgado naquela corte, em 23 casos relativos à
Lava Jato.
E
a marcação da data se dá apenas uma semana depois de que o voto do relator – o
amigo de Moro João Gebran Neto – foi encaminhado ao presidente da 8ª Turma e
revisor do processo, Leandro Paulsen. Para este marcar data para o julgamento,
é sinal de que considera revisado o caso e vai aproveitar as festas natalinas
para dar forma escrita ao que já tem definido.
Alguém,
não sem razão, pode dizer que é, afinal, tudo o que se vai fazer ali, desde que
o presidente do Tribunal, Carlos Thompson Flores, disse que a sentença de Moro
era “irrepreensível”, mesmo sem ter tomado conhecimento do processo.
A
ditadura dos bacharéis prepara seu passo mais ousado, aquele que lançará o
Brasil – mais do que o golpe de 2016 – na instabilidade que vem da
ilegitimidade.
Preparam-se
para cassar Lula e, talvez em ânsia incontida, prendê-lo antes do julgamento
dos recursos.
Arruinarão
as possibilidades de normalização da vida brasileira com um processo eleitoral
que nascerá, desde o primeiro mês do ano, deformado por esta violência.
Vamos
entrar no caminho do imponderável, porque a força que move a candidatura Lula e
a eleva à condição de favorita nas eleições amputadas que teremos (teremos?)
não se dissolve com um papelucho timbrado de um tribunal, porque não é outro o
nome que merece uma sentença de encomenda como esta.
Ela
brota das profundezas deste país e o que Lula faz é ser seu intérprete e
personificação.
O
regime das elites no Brasil insiste em ser tão selvagem que, os 15 anos de
partilha do poder lhe parecem um eternidade, da qual foi e é indispensável
livrar-se a qualquer preço.
É
ela, e não o povo, quem quer o confronto e o esmagamento.
Talvez
esteja chamando por isso, atirando o país ao confronto e criando um mártir como
o Getúlio que as assombra até hoje, mais de 60 anos após sua morte física.
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