A
possibilidade de que o governo golpista de Michel Temer (PMDB) feche, ainda
nesta semana, um acordo de entrega do Centro de Lançamento de Alcântara(MA),
aos Estados Unidos da América (EUA), tem preocupado movimentos populares e
especialistas que defendem a soberania nacional.
As
negociações da utilização da base pelos EUA foram retomadas em 2016, após terem
sido barradas no Congresso Nacional em 2001, e negadas em um plebiscito
organizado na época. A proposta original pretendia criar uma área de domínio dos
Estados Unidos, proibindo a utilização da base pelo Brasil, devido à
confidencialidade tecnológica. Um novo texto foi entregue ao governo americano
há três meses.
O
pesquisador do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP),
Ronaldo Carmona, considera que um acordo como o original seria muito grave.
"Se
os termos forem semelhantes realmente será inadmissível a aceitação dessa
proposta. O acordo de 2001 era profundamente lesivo a soberania nacional.
Nenhum país que preza sua soberania, permitirá que um país estrangeiro coloque
qualquer tipo de artefato do qual ele não conheça minimamente o conteúdo”,
denunciou.
Carmona,
que foi assessor de Planejamento do Ministério da Defesa no governo da
ex-presidenta Dilma Rousseff, acredita que o interesse norte-americano na base
de Alcântara, assim como na região amazônica - já que o exército estadunidense
realizará treinamentos na floresta neste mês de novembro - tem como objetivo
conter a emergência de novas potências.
"Os
EUA sempre manobraram no sentido de diminuir a capacidade estratégica do Brasil
de ser um país que tivesse maior autonomia e condição de se afirmar como uma
potência entre as nações", diz Carmona.
Sua
opinião é compartilhada pelo Coronel-aviador reformado da Força Áerea Sued Castro
Lima, entrevistado pelo Brasil de Fato nesta semana. Ele afirmou que "é
lamentável ver as atuais autoridades brasileiras voltarem à negociação para
ceder a Base de Alcântara para um parceiro tão abominável".
Para
Carmona, o acordo ainda poderia ser barrado através de uma nova mobilização
social: "Em 2001 eles tinham muito mais força do que o governo Temer para
aprovar esse tipo de acordo, mas a resistência popular e nacional conseguiu
conter esse acordo. Tenho certeza de que podemos fazer um movimento semelhante
nesse momento para barrar essa iniciativa".
Em
julho deste ano, cerca de 350 pessoas de movimentos populares ocuparam as vias
de entrada da Base/Centro de Lançamento de Alcântara, para denunciar as
negociações do governo Temer para a entrega da base aos Estados Unidos.
https://www.brasildefato.com.br/2017/10/11/entrega-de-base-de-alcantara-aos-eua-e-inadmissivel-afirma-especialista/
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